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A mostrar mensagens de junho, 2010

Capítulo XXII - Despertaste-me...

Despertaste-me, O luar nos teus olhos fez-me ver que a noite prometida havia chegado Mais cedo que o previsto, mas sorrateira veio, Cintilante com o brilho do planeta que o não é, Apenas requebra o magnífico poder do Sol, Brilho do satélite mais natural do meu Mundo Só o sorriso que valia toda a imensidão que me abraçava Só isso, só nada, só o acordar O tão belo acordar que me chamava…

Capítulo XXI - Um dia

Um dia… Ai um dia, um dia como queria Um dia como sonhara Era um dia em que não havia Nem eu nem tu Não havia singulares, nem plurais Pois nós não é tu e eu Nem eu e tu Nem apenas os dois, mas os dois juntos Um dia será E quando esse dia vier Será dia de alegria Que venha esse dia!

Capítulo XX - Transparências

Amar o ser translúcido Que se deleita junto a mim Nos meus pensamentos Amar o ser que me seduz Que me torna impossível suportar O peso da minha cruz Amar o ser ausente Que se transforma na minha alma Muda tudo num repente É amá-lo que me conduz Ao fogo do céu Que bem alto reluz E me chama, devagarinho Suavemente e com carinho... Tornar-me cega não é solução Pois se não vejo, sinto E se não sinto, beijo O que não passa de ilusão Criada pelo ser transparente Que todas as noites aparece Juntinho do meu coração Aquele ser que não se esquece Aquele ser somente...

Capítulo XIX - Back to 08

Eu sob a influência de Álvaro de Campos Arrgh! Puta da merda! Ah! Ah! Aaaaaaaah! Que raio! Foda-se! Caralho... p'ro caraças! Ooh! E Ooh! e Pufffh...! Sem nada. Vazio. Explosão neutra. [Razão tinha quem dia que poemas de amor eram adolescentes] E eu sou! E eu canto! (Neste caso, e eu choro...) Ai que in... in... im... impotência! insatisfação! Incerteza e Inglória Por ser fraca! FRACA! Sem capacidade... E mover o mundo com a fé! E mover montanhas com a voz! Ou dar um passo em frente e disfarçar... devagarinho... sorrateira... Porra, merda, caraças! FRAUDE! Quem me vês, quem eu sou? NADA NINguém Solipsismo da vida... E viste? Claro que Os viste. (A eles, não a mim) Mas não compensa! Arrgh, merda, arrgh! Gostar de não... É tramado! E pior é gostar de nãos!... Como.. (ai, caraças) como... Não lembrar. Ser só, ser! SER! Viver sem olhar, Tornar-me exorbitantemente cega Como tu para mim!

Capítulo XVIII - Perdido no tempo

Changed. Trocada. Sinto-me só, podre e abandonada. Simples, na berma, tendo consciência De ser bruta, de ser puta, De que serei esturpada. Amarrada à cama A gemer e a contorcer-me A gritar A fingir A vomitar o pus do nojo que há em mim Violada. Tratada como um trapo Negra de pancadas que me doem Mas que agradeço Mas com as quais deliro Ou quero parecer delirar Há uma sala branca. Tudo branco. Moderno e sofisticado branco. Deleito-me com o pálido do branco que vejo, ou não vejo por tudo ser branco. Agora existem portas. Muitas portas. Portas brancas que não vejo para onde vão, mas que sei serem portas, só por saber. Vou tentar andar. Levanto um pé e sinto dor. Volto a pousar. Não tenho coragem para me olhar ao espelho que recobre toda a superfície à minha frente. Tento de novo levantar o pé. É em vão o esforço, tal como em vão é orientar-me no espaço leitoso e espelhado. No meu pé há agora a dor de quem foi arrancada a mágoa. Não sei se é real, mas dói. Dói muito. Sinto uma dor branca,