Capítulo V - A paisagem
Sento-me diante do computador á espera que as palavras saiam... A janela que se estende perante mim não tem mais do que bites, bytes e sei lá que mais unidades informáticas. Mas há uma outra janela, aquela que eu tento focar daqui, que tem uma paisagem sublime, única, que me atrai só com o saber que existe… a janela que dá para a paisagem mais espectacular que alguma vez reparei. É essa janela, a janela da rua, a janela da casa, que me faz sonhar e que me faz sentar aqui, sem muito para dizer, e escrevinhar, como um artista com o pincel…. Ai o quanto eu gostava de ser esse artista… pintava o fundo com largas pinceladas de azul, variado, contornando espaços a branco que dariam origem a ligeiras nuvens, raras e vagas como pensamentos de alguém, com ténues riscos do carvão riscava os montes e vales, numa tentativa de apanhar todas as curvas e relevos que me oferecem, mas sem nunca perder o olhar da maravilha que se estende perante mim, e a noção de que nunca sairia um trabalho tão perfeito como a primeira pintura feita por Deus... Esgotava os restos de azul nos inúmeros tons que recobrem o mar, com rosas, brancos e verdes á mistura, recriando a cor perfeita do agora calmo mar, pelas horas da maré vaza. E o verde que se espraia nos montes, salpicados de castanho, pelas zonas áridas, mas nunca esquecidas, só porque eu as pintei e porque eu as vi. Quase que me apetece dizer que são minhas, só porque as captei neste olhar clínico de pintor.
Só esta paisagem, esta sublime paisagem, é que me inspira a continuar a pensar, a continuar a escrever…
É o olhar para a árvore que não está sozinha no meio daquele matagal, que me educa a ser mais próxima da Natureza. E que Natureza mais natural… são corpos perfeitos que de tão rugosos ser, posso dizer de velhos. É em cada pedra mais elevada, em cada ninho de pássaro, que eu conto a idade desta paisagem, que de tão bela, tão velha é… nada como nós, que só de velhos somos feios. Bem… de velhos e de novos! Mesmo novos somos feios, imperfeitos, incompletos… precisamos sempre de procurar o outro, de procurar quem nos complete, quem pensamos que amamos, só para imitar, de um modo muito rasca, a unidade da natureza. Nesta paisagem, aquela pedra rugosa e feia e desgastada, completa na perfeição a árvore enorme que se ergue ao seu lado. E a árvore não estraga a pedra, a pedra não estraga a árvore. Nenhuma ofusca o brilho da outra. Nós humanos, nós ofuscamos o brilho de quem nos rodeia, a nossa vontade de sobressair é incrivelmente estúpida. Mesmo que amemos muito quem dizemos que nos completa, não estamos a ser mais do que cínicos e infelizes. Se olharmos lá para fora, vemos o quão estúpidos, o quão incompetentes e infelizes, o quão pequenos nos tornamos. Não somos mais do que um engodo de sermos…
Só esta paisagem, esta sublime paisagem, é que me inspira a continuar a pensar, a continuar a escrever…
É o olhar para a árvore que não está sozinha no meio daquele matagal, que me educa a ser mais próxima da Natureza. E que Natureza mais natural… são corpos perfeitos que de tão rugosos ser, posso dizer de velhos. É em cada pedra mais elevada, em cada ninho de pássaro, que eu conto a idade desta paisagem, que de tão bela, tão velha é… nada como nós, que só de velhos somos feios. Bem… de velhos e de novos! Mesmo novos somos feios, imperfeitos, incompletos… precisamos sempre de procurar o outro, de procurar quem nos complete, quem pensamos que amamos, só para imitar, de um modo muito rasca, a unidade da natureza. Nesta paisagem, aquela pedra rugosa e feia e desgastada, completa na perfeição a árvore enorme que se ergue ao seu lado. E a árvore não estraga a pedra, a pedra não estraga a árvore. Nenhuma ofusca o brilho da outra. Nós humanos, nós ofuscamos o brilho de quem nos rodeia, a nossa vontade de sobressair é incrivelmente estúpida. Mesmo que amemos muito quem dizemos que nos completa, não estamos a ser mais do que cínicos e infelizes. Se olharmos lá para fora, vemos o quão estúpidos, o quão incompetentes e infelizes, o quão pequenos nos tornamos. Não somos mais do que um engodo de sermos…
Ainda não está um texto alegre, mas já não se vê tanto a tristeza. :P Falta um danoninho assim... :P
ResponderEliminarBjinho*
Pronto, pronto. Confesso, aqele voto do "Isto é um blog?" fui eu , mas foi para me meter contigo :P Coisas mais alegres, sim ?
ResponderEliminarBjinho*
Sem dúvida que este é o meu texto favorito. Está simplesmente perfeito; cada palavra, cada vírgula.
ResponderEliminarAmo! ^^'
Uma verdadeira ode à Natureza.
ResponderEliminarPor vezes (muitas vezes) também eu desejo ter o dom do artista, mas nem mesmo assim competiria com o real... se bem que pelo andar das coisas era muito bem capaz de a tela durar mais que o modelo *suspiro*
A árvore e pedra aprenderam a coexistir em beleza e harmonia, não é bonito? Colocaste-me aqui uma imagem bem bonita na cabeça.
Bjs^^