Capítulo XVI - Incompleto

-->
Não parece... é mesmo!



Havia certamente algo que ali não era revelado. Um segredo, bem escondido. Nem observando atenciosamente se notava uma mancha do que havia, mas como te vi, naquele momento, sabia muito mais do que querias dizer. Tenho que descobrir ao certo, tudo. Antes, tinha que o descobrir. Não devias ter partido. Não deste jeito, pelo menos. Devia ser diferente. Devia poder pegar na minha memória e voltar para trás. Mas não. Tinha que ser como querias. Ser tudo do teu jeito. A história é sempre a mesma, sempre igual…
Um recorte de silhueta no amanhecer. A praia estava deserta, apenas tu lá no meio. Batiam-te forte os primeiros raios daquele sol dourado mas gelado do Inverno que atravessávamos. Não paravas de fixar o horizonte. Parecias pensar… Não era na nossa noite, de certeza. Há muito que havias dito que não havia mais nada entre nós. Mais nada podia acontecer entre nós. Eu compreendi. Ainda compreendo, mas não me conformo. Não me podias ter abandonado daquele modo. Devia ter havido algo mais do que houve. Devia ter perdurado. Foi um momento intenso. Mas claro que me senti vazia no fim… Não levava para casa nada mais do que o doce sabor dos teus lábios, nada mais do que a mera sensação do teu toque, do teu olhar percorrendo todo o meu interior, do que as tuas mãos perscrutando o meu corpo enquanto as minhas se deliciavam nas tuas formas… deixaste-me gulosa e sem doces para me satisfazer. A minha imaginação não é suficiente para o depois, não depois do que presenciei, do que aconteceu. Não tenho mais mãos que me satisfaçam do mesmo modo. Não tenho mais vontade de ficar sozinha, trancada, corrigindo o irreparável estrago que deixaste. É inconsolável…




Sim, incompleto. Um dia completarei...

Comentários